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A Graça de Deus e os cinco pontos

Atualizado: há 2 dias

Provavelmente você já ouviu falar dos cinco pontos do Calvinismo, principalmente se você é membro de uma Igreja Presbiteriana ou outra denominação que subscreve essa doutrina. Longe de ser um ensino herético, determinista, soberbo ou mesmo “burguês demais”, é, antes de tudo, bíblico, revelado nas páginas das Sagradas Escrituras, profundo e um consolo para nossa alma. Talvez o nome Cinco pontos do Calvinismo soe um tanto estranho, ou restrito demais. Por isso, particularmente, prefiro me referir a esses pontos como as Doutrinas da Graça.

Esses pontos nada mais são do que uma compreensão bíblica, profunda e consoladora da soberania de Deus, Sua providência e Sua Graça eficaz e salvadora para redimir o seu povo.

Para apresentar a você, meu caro leitor, brevemente, um resumo dessas doutrinas, vamos nos valer de alguns comentário de John Piper no Livro Cinco pontos para expor resumidamente cada um dos pontos.

1. DEPRAVAÇÃO TOTAL

"A condição humana sem a graça é tão desesperadora que nada menos que um milagre da graça pode acordar um coração morto para Deus."

Piper começa reconhecendo o estado espiritual de todos os seres humanos após a queda: espiritualmente mortos, incapazes de buscar a Deus por si mesmos. Podemos constatar isso  em passagens como Romanos 3.10–12 e Efésios 2.1–5 para mostrar que a depravação não significa que todos sejam tão maus quanto poderiam ser, mas que o pecado afetou toda a natureza humana, de tal forma que ninguém escolhe Deus sem que Deus aja primeiro.

Dizer que o ser humano é totalmente depravado não significa que não haja algum bem. De fato, a graça comum comunica ao homem que há um Deus que é plenamente bom e justo, por sua vez essa verdade está incutida no coração do homem de maneira que ele não consegue se desvencilhar dela. Porém, o homem não tem a capacidade total para responder positiva e efetivamente a Deus. Sem a ação de Deus em direção ao homem, o fazendo enxergar, de maneira nenhuma ele poderia reconhecê-Lo. Ou seja, quando falamos de depravação total, na realidade falamos de uma incapacidade total em reconhecer a Deus, salvação e se arrepender do pecado por uma ação primária ou um esforço do próprio ser humano.

“O problema não é que as pessoas que não crêem precisem de mais informações; o problema é que elas estão espiritualmente mortas.”

2. ELEIÇÃO INCONDICIONAL

"Antes que tivéssemos qualquer chance de fazer o bem ou o mal, Deus já havia nos amado com um amor eterno."

A eleição não se baseia em obras ou mérito humano, mas no propósito soberano de Deus (Rm 9.11–16). Essa eleição não elimina a responsabilidade humana, mas destaca que a salvação é uma iniciativa divina, fruto da graça e não do esforço.


“Se você é um filho de Deus hoje, é porque Ele o escolheu antes da fundação do mundo.”


Isso não deveria nos conduzir à frieza doutrinária ou espiritual, mas sim ser motivo de profundo consolo para corações aflitos: Deus não apenas salva — Ele deseja salvar. E faz isso de forma pessoal, concreta e eterna.

A salvação do ser humano está enraizada no imenso amor com que Deus nos amou. É uma obra que tem como base a vontade soberana do Senhor, não os méritos humanos. Afinal, somos pecadores, incapazes de nos salvar por nós mesmos. O impulso que move a salvação não vem do homem, mas de Deus.

Essa verdade deve remover de nós o peso esmagador da lei e nos revestir com a leveza da graça e o abraço do amor do Pai, que nos amou primeiro (1 João 4: 19). O amor verdadeiro tem sua origem em Deus. A salvação começa Nele, foi planejada por Ele e é realizada por Ele — do início ao fim. É uma obra da graça, para a glória do Seu nome. Portanto, a eleição é com base nesse amor, incondicional para os homens, mas totalmente derivada da vontade, poder e amor do Senhor.

3. EXPIAÇÃO LIMITADA (ou Redenção Particular)

"Cristo morreu de forma eficaz por um povo específico, garantindo sua salvação com sangue real, e não apenas oferecendo uma possibilidade."

Neste ponto, Piper mostra que a morte de Cristo foi poderosa e suficiente para salvar completamente os eleitos. Ele cita João 10.11 e Efésios 5.25, destacando que Cristo morreu por Suas ovelhas e por Sua Igreja. Isso não limita o valor da cruz, mas revela a intenção clara e eficaz de Deus em salvar um povo para Si.

Cristo não morreu para tornar a salvação possível, mas para torná-la certa.”

 

Quando afirmamos que a expiação de Cristo é limitada, não estamos restringindo seu poder, valor ou eficácia. A obra de Cristo é infinitamente poderosa — suficiente para salvar qualquer pecador. A limitação está na intenção soberana de Deus: Cristo morreu com o propósito de redimir, de forma eficaz e definitiva, o povo que o Pai lhe deu.

Desde o Antigo Testamento, vemos Deus formando para Si um povo exclusivo — separado, amado e alvo de Sua graça. A missão de Jesus foi justamente redimir esse povo: homens e mulheres escolhidos de todas as épocas, línguas, tribos e nações. Ele não veio apenas tornar a salvação possível, mas realizá-la plenamente para os que foram eleitos segundo o conselho eterno de Deus.

O sangue de Cristo, derramado na cruz, não é uma oferta vaga à humanidade, oferecendo uma oportunidade apenas, mas uma expiação eficaz e concreta, que alcança de fato aqueles por quem foi derramado. Isso nos dá segurança: a obra de Cristo não falha. Quem Ele veio salvar, será salvo.

Por isso, podemos descansar com fé e gratidão: o sacrifício do Senhor Jesus é poderoso e suficiente para nos salvar até o fim.

4. GRAÇA IRRESISTÍVEL

"Quando Deus chama de forma eficaz, o coração responde com fé. Ele não força, Ele transforma."

Esse ponto trata do chamado eficaz do Espírito Santo, que opera de forma irresistível nos corações dos eleitos, convencendo-os do pecado e levando-os a crer em Cristo. Piper enfatiza que esse chamado é pessoal e poderoso, não apenas um convite genérico. Ele usa João 6.37–44 para mostrar que todos os que o Pai dá ao Filho virão a Ele.

“A graça irresistível não é Deus arrastando alguém contra sua vontade; é Deus mudando a vontade para que essa pessoa queira vir.”

Ninguém que crê em Cristo o faz contra a própria vontade. Toda conversão genuína passa por uma profunda transformação interior, em que o pecador é convencido, iluminado e atraído ao evangelho. Ninguém vai até Jesus dizendo: "Eu não queria estar aqui." Ao contrário, aquele que se aproxima de Cristo reconhece que o sacrifício da cruz foi pessoal, foi por ele, e responde com fé e gratidão.

Mas essa mudança de coração, essa nova disposição de vontade, é obra do próprio Deus. É Ele quem opera no pecador o arrependimento e a fé, transformando sua mente e seu querer. O homem natural, por si só, jamais escolheria a Deus — é a graça soberana que vence a resistência interior, desfaz a cegueira espiritual e desperta o amor pelo Salvador.

Quando Deus chama, Ele transforma a vontade de tal forma que o pecador já não deseja outra coisa senão se render. Não é uma imposição forçada, mas uma obra amorosa e poderosa que conquista o coração. A isso chamamos graça irresistível — não porque Deus arrasta alguém contra a sua vontade, mas porque Ele muda a própria vontade, de modo que a pessoa vem livremente, alegremente, irresistivelmente a Cristo.

Devemos sempre lembrar que os que ouvem o evangelho e resistem ao chamado para o arrependimento são responsáveis por isso. Em nenhum momento Deus isenta o homem de sua responsabilidade, mas o chama verdadeiramente ao arrependimento. Se ouvir a voz de Deus não endureça o coração.

5. PERSEVERANÇA DOS SANTOS

"Aqueles a quem Deus salva, Ele guarda até o fim. Ele não apenas nos chama, Ele nos sustenta."

Neste último ponto  somos lembrados de que os verdadeiros salvos não perderão sua salvação. A fé verdadeira persevera, sustentada pelo poder de Deus (Fp 1.6; Jo 10.28–29). O autor afirma que Deus termina o que começa, e a segurança do cristão não está em si mesmo, mas em Cristo.

“A perseverança dos santos é, acima de tudo, a perseverança de Deus.”

Ninguém pode arrancar das mãos do Senhor aqueles a quem Ele regenerou, justificou e salvou. Afirmar o contrário seria o mesmo que dizer que Deus tem poder para iniciar a salvação, mas não para consumá-la — o que, evidentemente, não cremos. O mesmo Deus que salva com poder é fiel para sustentar e guardar os seus até o fim. A salvação não repousa sobre a força humana, mas sobre a fidelidade imutável de Deus.

É importante lembrar que perseverar na salvação é também perseverar na santificação. Os que são verdadeiramente salvos ouvem a voz do Bom Pastor, seguem-no com obediência e guardam os seus mandamentos. A perseverança dos santos não é uma licença para viver de qualquer maneira, mas uma certeza que conduz à obediência, ao arrependimento contínuo e ao crescimento em santidade.

A doutrina da perseverança é um consolo precioso em meio às lutas, tentações e aflições da vida. Saber que não seremos abandonados, mas que seremos sustentados pela graça de Deus até o fim, nos dá coragem para seguir, mesmo quando tudo parece difícil. É uma injeção de ânimo, uma firme esperança: Deus não apenas começou a boa obra em nós, mas há de completá-la até o dia de Cristo Jesus.

Portanto, seguimos confiantes. Nossa perseverança não é um esforço solitário — é uma caminhada sustentada por Aquele que nos amou, nos salvou e nos conduz, dia após dia, em direção à glorificação. E, assim, perseveramos... sempre em direção a Cristo.

PASTORAL

 

“Estes cinco pontos são uma linha de vida espiritual. Eles nos levam ao fundo da misericórdia divina, onde não há lugar para o orgulho, mas só para adoração.”

 

Os Cinco Pontos não é apenas um tratado doutrinário, mas um convite ao descanso em Deus. Por vezes andamos com o coração aflito, duvidamos se somos mesmo filhos de Deus, se nossa conversão é genuína. As Doutrinas da Graça nos ensinam que tudo é verdadeiramente Graça e podemos confiar em Deus para nossa Salvação, Podemos aceitar sobre nós o Sacrifício do Senhor Jesus e andarmos como filhos amados de Deus. Esses pontos são para dar firmeza à fé e exaltar a glória de Deus em toda a obra da salvação.

Piper fecha o livro com um apelo:

que o leitor não apenas entenda, mas se maravilhe com a graça irresistível, eficaz, e sustentadora do Deus que salva pecadores. REFERENCIAS. Os Cinco Pontos: Jhon Piper Catecismo Maior de Westminster Confissão de fé de Westminster

 
 
 

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